A interpretação imagética

eyes

Vivemos na era do audiovisual, em uma sociedade da informação, da imagem e da cultura, na qual a força da comunicação e a velocidade com que as representações imagéticas são muliplicadas é cada vez maior.

Hoje, estamos condicionados a ver muito mais do que realmente precisamos, são centenas de propagandas, filmes, jornais, revistas e outros símbolos vindos dos mais diversos lugares do mundo. Por isso, estamos sempre procurando subconscientemente uma harmonia e uma razão para toda espécie de estímulos.

Entretanto, não podemos esquecer que ver é um ato criativo, exige vontade e interesse. Quando captada visualmente por pessoas diferentes, o significado e a dimensão de uma imagem é algo impreciso. As pessoas com seus contextos sócios-culturais diversos e seus hábitos, recebem a imagem de modo e intensidades diferentes. Além disso, fisiologicamente, todo o nosso sistema nervoso interage com a nossa visão. A audição, o paladar, o tato e o olfato contribuem para nossa compreensão do mundo, e às vezes, entram em contradição com o que nos dizem os nossos olhos.

Pensando um pouco, concluo que a interpretação não é um ato simples e padronizado. O modo como cada indivíduo lê uma representação é único, não existe certo ou errado. Interpretar é um pouco de imaginação, de bagagem cultural, de memórias, de sentimentos e de muitas outras coisas. E é exatamente isso que torna a fotografia uma arte tão versátil e particular. A pessoa por trás da câmera é responsável pela junção de tudo aquilo que desperta o seu interesse, tudo aquilo que a motiva a criar e nós receptores podemos entende-los ou criar um novo significado daquilo que chega até nós.

O documentário Janela da Alma, dirigido por João Jardim e Walter carvalho, é um grande exemplo do que eu tentei explicar através desse post. Para os que ficaram interessados, vale muito a pena dar uma conferida!

Janela da Alma 

Sinopse:

Dezenove pessoas com diferentes graus de deficiência visual, da miopia discreta à cegueira total, falam como se vêem, como vêem os outros e como percebem o mundo. O escritor e prêmio Nobel José Saramago, o músico Hermeto Paschoal, o cineasta Wim Wenders, o fotógrafo cego franco-esloveno Evgen Bavcar, o neurologista Oliver Sacks, a atriz Marieta Severo, o vereador cego Arnaldo Godoy, entre outros, fazem revelações pessoais e inesperadas sobre vários aspectos relativos à visão: o funcionamento fisiológico do olho, o uso de óculos e suas implicações sobre a personalidade, o significado de ver ou não ver em um mundo saturado de imagens e também a importância das emoções como elemento transformador da realidade ­ se é que ela é a mesma para todos.