A cultura do videoclipe

A primeira associação entre música e imagem (que se tem notícia) aconteceu em 1937.  Alex Steinweiss, primeiro diretor de arte da Columbia Records, convenceu os executivos da gravadora a acrescentar desenhos nas capas dos discos, que eram apenas embalagens de papelão e criou uma capa para a peça Eroica, de Beethoven, resultando em vendas maiores do que as habituais.

Ao longo dos anos, com o avanço da tecnologia, é possível encontrarmos diversas maneiras de casamento entre música e imagem. O videoclipe, com catalisador da música pop, traz em sua forma predominante a articulação entre melodia e imagem em movimento, estando associada a uma unidade chamada canção, que também determina seu tempo de duração. Capaz de ser ao mesmo tempo instrumento de marketing e espaço de experimentação audiovisual, o videoclipe é “um formato enxuto e concentrado, de curta duração, de custos relativamente modestos se comparados com os de um filme ou de um programa de televisão, e com um amplo potencial de distribuição” (Machado, 2005: 173). Suas raízes estão no cinema de vanguarda de 1920, nas estéticas e linguagens que nasceram em 1950 e na videoarte que surgiu entre 1960 e 70. A popularização aconteceu através da criação da MTV, que representou uma alternativa de mercado para a Warner, no sentido de recuperar um público que ela vinha perdendo em função da crescente onda de pirataria no mundo (Lusvarghi, 2007).

(Por Rafaela Belo e Daniela Zanetti)

“A linguagem televisiva e a indústria fonográfica foram os dois grandes estruturadores do videoclipe tanto no plano estético quanto no cultural. Canais musicais como a MTV, principal expoente do gênero no mundo, transformaram o videoclipe em um produto de massa, dando uma amplitude imagética à música e conectando a televisão com os interesses da indústria fonográfica (SOARES, 2007).”

Podemos visualizar as regras técnicas e formais de gêneros musicais nos videoclipes através de convenções e habilidades musicais específicas de cada regra genérica e de que forma esta referência se apresenta no âmbito do audiovisual. Ou seja, como o andamento da canção e o ritmo trazem uma série de implicações no clipe que podem ser de ordem técnica propriamente dita (através de recursos de edição ou de movimentação de câmeras que sugiram ritmo no quadro televisual, efeitos de pós-produção que geram uma noção de continuidade ou ruptura nos quadros, entre outros aspectos) ou de ordem dramática (através da ênfase de determinadas ações através de códigos narrativos específicos ou do percurso de narração de uma história relatada no videoclipe através de uma referência rítmica), percebendo, com isso, como a voz se materializa na imagem videoclíptica e de que forma pode-se fazer inferências acerca das relações entre voz e gêneros naturais (masculino e feminino) em balizas articulatórias aos gêneros musicais. As regras técnicas implicam também na percepção de como determinados timbres de instrumentos musicais ganham materialidade na imagem do clipe, tentando articular este princípio às próprias especificidades das performances dos artistas protagonistas do audiovisual.

 (Por Thiago Soares)

A foto que virou música

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O que você vê ao olhar para essa fotografia?

A maioria das pessoas não ve nada além de uma bela imagem. Entretanto ela é a prova de como uma fotografia pode ser inspiradora e, principalmente, tocante. Essa captura, do fotojornalista Paulo Pinto, do grupo Estado, inspirou o músico e publicitário, Jarbas Agnelli, a compor uma bela melodia. Vendo a foto no jornal Jarbas teve a idéia de materializar o que a imagem sugeria e assim a foto virou música. Os pássaros viraram foto, que por sua vez virou música e a notícia atravessou o mundo por meio da internet. Uma história muito interessante!

O som das cores

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Neil Harbisson viveu uma “infância confusa”. A sua incapacidade de distinguir as cores suscitou vários diagnósticos, desde o daltonismo a dificuldades de aprendizagem, até que, aos 11 anos, se percebeu que Neil padecia de acromatopsia, doença que lhe permite ver o mundo apenas a preto e branco.

Em 2003, altura em que frequentava o Dartington College of Arts, decidiu assistir a uma palestra sobre cibernética que transformou a sua vida. Falava-se de ampliar os sentidos, “perceber por que é que a cor influencia tanto as pessoas” – o que não podia ir mais ao encontro do desejo de Neil Harbisson, de 29 anos.

Do diálogo com o palestrante, Adam Montandon, surgiu a ideia de criar o “eyeborg” – fusão das palavras “eye” (olho) e “cyborg” (organismo cibernético) –, dispositivo electrónico que abriu caminho à metamorfose cromática na vida de Neil Harbisson. O aparelho, agora na versão simplificada, “tem um sensor, atrás da cabeça, que recebe as frequências de luz e transforma-as em frequências sonoras”, explica ao P3. A captação da cor fica a cargo de uma câmara, situada acima da testa e, depois, possibilita que Neil recorra aos “ossos – do crânio – para ouvir as cores”.

 Adaptação à vida de “cyborg”

A adaptação ao “eyeborg” não foi fácil. “Demorei cinco semanas a habituar-me aos sons das cores”, mas, passado algum tempo, “a informação tornou-se percepção e, mais tarde, em sensação”, conta. Assim, acabaram episódios insólitos do quotidiano, como “precisar de testar ambas as torneiras para ver qual corresponde à água quente e à fria”. Sobraram outros, nomeadamente quando ouve música electrónica e  as suas frequências sonoras se misturam com as emitidas pelas cores, daí a vontade de “pôr o ‘eyeborg’ debaixo do couro cabeludo para diferenciar melhor os sons visuais dos sons auditivos.”

 Para Neil, a associação cultural das cores é bem diferente. “O vermelho é a cor mais pacífica e indiferente, porque tem a frequência mais baixa. A cor mais violenta é o violeta, por ter a frequência sonora mais alta”, conta. Além de possibilitar a percepção da cor – e de uma forma mais apurada, pois Neil recebe as três propriedades separadamente: o tom através de uma nota, a luz pelos olhos e a saturação pelo volume dos sons -, o “eyeborg” alargou o seu potencial de expressão artística.

O dispositivo deu a Neil a hipótese de fundir as suas grandes paixões: música e artes plásticas. Dedica-se agora à criação de retratos sonoros, composições em que converte as cores da face em música, e Color Scores, onde transforma as 100 primeiras notas de grandes obras musicais em pinturas. Por isso, “agora não há diferença entre artes e música”.

Fonte: P3  

Para os que querem conhecer um pouco mais da história do nosso “Cyborg”, separei o vídeo da TED Global com a talk I Listen to Color no qual Neil Harbisson explicou um pouco da sua história e como as coisas aconteceram na sua vida.

A fotografia contemporânea

O termo “contemporâneo” refere-se ao que é atual, ao que ocorre no nosso tempo. Sendo assim, seguindo literalmente a expressão, poderíamos classificar qualquer fotografia feita hoje como fotografia contemporânea. Será que é possível, no entanto, reunir algumas características da fotografia atual que a distinguiriam da fotografia feita em outros momentos históricos? Parece uma tarefa muito difícil, pois se tivermos em mente que nunca se fotografou tanto, nunca mostramos e vimos tantas fotos o tempo todo, como estabelecer um panorama? Se pensarmos na quantidade de fotos feitas hoje, provavelmente teremos exemplo de todos os tipos de pontos de vista, de métodos, de técnicas…

Não obstante, talvez seja essa quantidade enorme de fotografias que leve justamente ao que é essencial da fotografia do nosso tempo. Até um tempo atrás, só se fotografava o que era fotografável: um evento significativo, uma viagem, um ensaio planejado etc. As dificuldades técnicas e de custo faziam com que a fotografia fosse a validação de algo especial. Hoje, com a facilidade do digital, se fotografa tudo. Qualquer coisa se tornou fotografável. E, se alguns veem nisso algo banalizador, massificador, há uma contrapartida: vemos em fotografias coisas que não víamos antes. E, se soubermos filtrar, veremos nos blogs, nas redes sociais, nas galerias online a poesia e a beleza do dia-a-dia, do simples viver. A fotografia contemporânea tem como característica especial essa possibilidade de olhar de forma poética para o simples, o sutil, o cotidiano que leva à valorização do trivial. E o que temos em 99% das nossas vidas é o trivial, acho isso muito positivo.

Há também uma questão técnica e estética: uma vez que já entendemos que a fotografia não é um simulacro, e sim uma representação cujo aspecto depende das características do aparelho, não é mas necessário buscar a ilusão perfeita, a fotografia tecnicamente impecável. Daí muitos autores jogarem com métodos alternativos, justamente buscando ressaltar a impressão que querem causar, entendendo a fotografia como uma criação e não como um registro. A fotografia de hoje não precisa mais ser perfeita, nem espetacular, nem contundente. Ela simplesmente mostra o que somos, sem truques ou disfarces.

Como é melhor mostrar do que tentar explicar, reuni algumas fotografias postadas sob licença Creative Commens noFlickr que reúnem as características que comentei. Para ver o nome do autor, basta passar o mouse sobre a foto.

Fonte: Câmara Obscura

Como sugestão, deixo para vocês um artigo muito interessante sobre o tema feito pela Revista Fotografia, que fala sobre a leitura da imagem fotográfica  contemporânea, a popularização da fotografia e as suas problemáticas.

O poder da música

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A noção de que é possível despertar emoções por meio da música é reconhecida desde a Grécia Antiga. A ideia de que diferentes harmonias poderiam causar efeitos diversos nas pessoas (como excitação, entusiasmo, revolta e relaxamento) encontrou o apoio de Sócrates, Platão e outros pensadores. Em A República, Platão defende sua crença no poder comunicador e modelador da música sobre as disposições psicológicas e sentimentos humanos. Ele chega a propor padrões rítmicos e temas que deveriam constituir a música na “cidade ideal”, acreditando que por meio dela era possível educar o homem (seu caráter moral ou ethos).

Do ponto de vista filosófico, ou seja, da reflexão, há um consenso de que a música como veículo tem potencial para difundir e perpetuar crenças, padrões de comportamento e formações ideológicas. Sendo assim, expressar-se através dela transfere ao músico certo grau de responsabilidade social. Em nossa época, por exemplo, é imprescindível considerar que a música exerce forte influência na formação de jovens e crianças.
                                                                                                      Por Ana Paula (Janis)

Navegando pela internet e buscando conteúdos diferenciados sobre o tema, encontrei o trailer do documentário “Alive Inside”, do diretor Michael Rossato-Bennett, que mostra os poderosos efeitos da música em pacientes idosos que sofrem de demência, perda de memória e Alzheimer.

Com a participação do neurologista e autor Dr Oliver Sacks (“Alucinações Musicais”, “Um Antropólogo em Marte” e “O Homem Que Confundiu Sua Esposa Com Um Chapéu”) e do geriatra Dr Bill Thomas, o documentário mostra como a música traz memória, identidade e vida para pessoas que estavam no caminho da depressão e do esquecimento.

As cenas do trailer que mostram Henry são impressionantes e mostram como acontece essa mudança, como memórias são recuperadas instantaneamente e como a pessoa recupera seu vigor e entusiasmo pela vida. Vale a pena conferir!